sábado, 8 de março de 2014

Por mais que a vontade chegue, as palavras não me desenham. Elas percorrem as curvas que a música faz. Só me entendem com ritmo. Sem partes quebradiças, sem arestas envolvidas, sem pesar nem recuar. Aqui, o mundo grita silencioso, em dó menor. De vez em quando, vem um sol, lindo. Já disseram que o sustenido provoca mais. E eu não sei dizer o que traz movimento. De noite, uma letra pula na outra, como se não desse trégua para o descansar. Invadem a madrugada e escolhem os melhores lugares para esconder o que tem para ser dito. Só desliza com a harmonia das notas, dos tons, do aveludado da voz que embala o sono. Sempre forcei textos. Insisti cores e sabores. Cai. Segurei em cordas e batuques, para sentir a gravidade do agudo. E mesmo que seja apenas sentir, ele embala. E dança. Desisti. Vão seguindo os passos, os acordes, o sufoco de um baque prum coração destemido, apaixonado. E se a gente é, de fato, feito de verdade, essa é a minha. Letra e melodia, como as dualidades devem ser.

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