quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Um ensaio só nosso

Me contentei em ver as folhas caindo, uma a uma, no quintal dos seus olhos. Vi a dor passar, te tirando pra dançar, como num pé de vento, sendo um pé de valsa. Fiquei ali, esperando que o trem chegasse e nos carregasse para aquele canto só nosso. Porque a gente aprendeu a sorrir quando ouvia a palavra recomeço. Era tão meu, era tão seu. Era de um pr’outro, como as metades inteiras que nos são designadas, em alguma esquina da vida. Essa história de busca tem muito de nós também. Outrora, escrevi que as almas tem complementos significativos quando falam com os olhos e abraçam com o alento de um sorriso. E é bem verdade. Toda vez que eu me encontro em você, meu coração pula num breve pulsar onde tudo pode, tudo é vida, tudo é permitido, aqui e agora. Eu não saberia falar de alguém, como falo de você. Eu não conseguiria falar com alguém, como falo com você. E eu não saberia ser de mais ninguém, como sou de você. E por vezes, qualquer lágrima sua, me tira o chão. E isso é um vão que se cria a cada despertar de chamadas e chamados via toda essa modernidade tecnológica. A gente nunca deixa de acreditar. E eu nunca deixo de apostar todas as minhas fichas em você. Nunca. Se hoje eu não te reconheço, amanhã te procuro, miudinho, com aquela vontade insaciável de ser maior que tudo, ser mais do menos que nos fizeram sentir e superar. Que bom! A todo momento, a ânsia de rasgar tuas noites insones me preenche da falta que me faz ter seu porto aqui, pertinho. E, apesar de nos encontrarmos com facilidade, às vezes somos engolidos pela velha rotina de nos gritar as (in) certezas da vida. Decidi não me deixar. Quero me levar junto com o que tenho de melhor, abrir um pedaço de caminho só meu e ir. Resolvi que os dias chegarão e serão, como eu bem entender. Escrevi nos muros para quem quiser ler. Quero saber sorrir quando for. Quero aprender a ir sem olhar pra trás. Quero ficar um tempo entre um galho seco e o orvalho úmido que rechear minha pele. Ir. Porque o calo veio do voltar. E isso nunca é tanto e suficiente, próprio e condizente, límpido e transparente. Meio eu, meio você. Juntos inteiros. Esse é um ensaio que cruzou e fitou carinho sincero, palavra certeira, silêncio de quem entende e vai além. A gente vai rir de tudo em paz, com o coração calmo e a esperança íntegra de receber o que é nosso, de direito. Esteja firme, seja forte, olhe além e vamos juntos. Porque a certeza plena é poder contar um com o outro e nada mais. Aquela coisa de alma, aquela coisa de pinta.