segunda-feira, 16 de abril de 2018

Bater

você pode bater naquilo que bem entender fora do meu coração! na minha cara, na minha bunda. pode bater bife, tambor e zabumba! bater bola, papo, punheta. bater aposta, cabeça e roupa. bater um bolo e até saudade e inclusive a canela naquela quina você pode bater. sim, bater na mesa e até a lataria inteira do seu carro popular zerado você pode bater, aquela tal perda total. claro, você também pode bater na minha porta e acabar pela milésima vez com a porra da minha fama. mas o que me importa e realmente me interessa é que não existe batida imperfeita aqui dentro, no meu coração. por que no meu coração ninguém bate, virei o dono da banda.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Meu Carnaval

a gente vai bem, dois pra lá, dois pra cá. Um forró de amolecer e bambear um coração apaixonado, um rostinho colado pra selar o que o tempo vem dizer, soprando em versos miúdos que a felicidade é agora. Um tempo pra deixar chover e lavar a alma, de pingos nos ís, nas pontas dos pés, com o coração solar. tempo de dizer que a gente é pra ser, pra florescer, pra festejar. Com você, todo dia é carnaval. Paz na terra de quem sabe amar. Com você, meu coração de mar brilha mais que glitter, até o dia enluarar

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Ansiedade

ela chega porque a gente espera. a gente imagina, constrói, morre de véspera. é ânsia de vida, sobra de sentimentos acumulados, indizíveis e inclassificáveis. ela te espreita. vem quando menos se espera, que é pra tirar o sono, o chão, a paz. ela nos dá em troca, mas é mal pagadora. extrai o melhor do ser pra depois dizer que é tudo pra compensar os excessos. ansiedade é coisa de gente que transborda. é tudo demais, quando a gente se sente de menos. mas as palavras soltas vão se encaixando pra acalmar. toma fôlego, respira, expira, num exercício de não pirar. quanto mais ela nos visita, menos sabemos de onde vem. não traz consigo bagagens ou mapas dos caminhos. ela mostra a que veio, sem rodeios, pra nos laçar.

sábado, 30 de abril de 2016

Desatino

não por acaso, sempre achei bonito fazer jogo de letras pra buscar outras palavras. talvez explique a minha paixão por palíndromos. e, ultimamente, você tem sido o mais lindo dentre todos. tem a ver com o destino de nos fazer repensar a vida, rever conceitos, desfazer as malas e encontrar outros ninhos. pode ser uma dose de doçura que você guarda só pros cafunés mais furtivos. tem um mistério rondando o delicado e o belo; um aroma de café passado na hora com aquela preguiça de ser qualquer coisa antes das 9h; pode ser incrível o inusitado. é que, de fato, você faz cair por terra todas as chances das piadas prontas, ainda que elas sejam o tom certo pra pintar teus lábios nos meus, depois de uma gargalhada tímida. não sei muito de amanhã. perdi o interesse no ontem. é que hoje tem um presente que não passa, que vagueia por aqui devagar, e de tanto ir, resolvi ficar.

domingo, 17 de abril de 2016

continue a nadar

chega um momento da vida que a gente nunca sabe qual caminho escolher e prefere optar por caminho algum. acaba vivendo a inércia como verdade, acima de tudo e todos. e para quem gosta de mar, ver a onda quebrando, trazendo e levando, acalma e dá sentido à palavra esperar. aquelas flores brotaram, brilharam ao sol, caíram com o fim da tarde e os anseios se espremiam entre um acreditar e outro. e como a vida é uma caixa de pandora, a gente sabe que a surpresa sempre vem. por isso, mesmo depois de tantos tropeços, chacoalhões, passos largos, conversas miúdas e sorrisos fracos, fui rendido. fui. pisando em ovos. mas, me deixei ir. porque no fim, é assim que a banda toca. você perde o fôlego, coleciona borboletas no estômago, vive intensamente, não dá certo, acaba, sente a perda, junta o que ficou de bom, joga fora o pior e se reconstrói. a única sensação que fica é a de não deixar o coração dilacerar, com a mesma vaidade e insistindo no pudor. balela, minha gente! se estiver com calor, pula na água. molhar os pés não vai aliviar. a gente pode entrar pela beirada, sem problemas. mas, se não tiver a intenção de mergulhar, não aceite o convite para nadar.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Um ensaio só nosso

Me contentei em ver as folhas caindo, uma a uma, no quintal dos seus olhos. Vi a dor passar, te tirando pra dançar, como num pé de vento, sendo um pé de valsa. Fiquei ali, esperando que o trem chegasse e nos carregasse para aquele canto só nosso. Porque a gente aprendeu a sorrir quando ouvia a palavra recomeço. Era tão meu, era tão seu. Era de um pr’outro, como as metades inteiras que nos são designadas, em alguma esquina da vida. Essa história de busca tem muito de nós também. Outrora, escrevi que as almas tem complementos significativos quando falam com os olhos e abraçam com o alento de um sorriso. E é bem verdade. Toda vez que eu me encontro em você, meu coração pula num breve pulsar onde tudo pode, tudo é vida, tudo é permitido, aqui e agora. Eu não saberia falar de alguém, como falo de você. Eu não conseguiria falar com alguém, como falo com você. E eu não saberia ser de mais ninguém, como sou de você. E por vezes, qualquer lágrima sua, me tira o chão. E isso é um vão que se cria a cada despertar de chamadas e chamados via toda essa modernidade tecnológica. A gente nunca deixa de acreditar. E eu nunca deixo de apostar todas as minhas fichas em você. Nunca. Se hoje eu não te reconheço, amanhã te procuro, miudinho, com aquela vontade insaciável de ser maior que tudo, ser mais do menos que nos fizeram sentir e superar. Que bom! A todo momento, a ânsia de rasgar tuas noites insones me preenche da falta que me faz ter seu porto aqui, pertinho. E, apesar de nos encontrarmos com facilidade, às vezes somos engolidos pela velha rotina de nos gritar as (in) certezas da vida. Decidi não me deixar. Quero me levar junto com o que tenho de melhor, abrir um pedaço de caminho só meu e ir. Resolvi que os dias chegarão e serão, como eu bem entender. Escrevi nos muros para quem quiser ler. Quero saber sorrir quando for. Quero aprender a ir sem olhar pra trás. Quero ficar um tempo entre um galho seco e o orvalho úmido que rechear minha pele. Ir. Porque o calo veio do voltar. E isso nunca é tanto e suficiente, próprio e condizente, límpido e transparente. Meio eu, meio você. Juntos inteiros. Esse é um ensaio que cruzou e fitou carinho sincero, palavra certeira, silêncio de quem entende e vai além. A gente vai rir de tudo em paz, com o coração calmo e a esperança íntegra de receber o que é nosso, de direito. Esteja firme, seja forte, olhe além e vamos juntos. Porque a certeza plena é poder contar um com o outro e nada mais. Aquela coisa de alma, aquela coisa de pinta.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Saiu num suspiro

Os versos não dizem muito. Mas, o dito já é bastador. Porque os olhos de quem sente a vida entre os poros durante a garoa fina, hão de saber achar o amor. Entrelinhas, entrecortadas, entre os vãos das paredes cinzas. Chegou ali, cedinho. Tratou de vestir sua melhor poesia e saiu. Bateu a porta para estrondar seu ímpeto de querer mais de todos. De sentar para descansar enquanto pensa. De pegar todas as conversas que jogaram fora e alinhavar histórias e recontá-las, e recriá-las. Numa ciranda de fatos e risos. Num jogo de sede, balançando na rede todos os pormenores que sente, ao ver passar seu amor. Recebeu afago de quem senta longe, esperou a próxima música e provocou a dança no olhar. E se me perguntarem o motivo de tais linhas, direi que não sei. Porque são em verdades transparentes e límpidas que os poemas nascem, levando sinceridade e carinho. E só. E, todo o ritmo de cá, é para combinar com os cachinhos, que flutuam a me chamar, sem dó.